Wood Frame: produtividade, sustentabilidade e desempenho

O Brasil enfrenta hoje um déficit habitacional superior a 6 milhões de moradias, ao mesmo tempo em que demanda por eficiência, sustentabilidade e industrialização cresce na indústria da construção civil. Nesse cenário, o Light Wood Frame (LWF) se apresenta como uma solução moderna, segura e de alto desempenho, já consolidada em países como Estados Unidos, Canadá e Chile, e em franca expansão no território brasileiro.

Além de reduzir o tempo de obra em até 4 vezes em comparação à alvenaria convencional, o sistema promove racionalização de materiais, conforto térmico e acústico, redução de resíduos e maior previsibilidade de custos. Com a publicação da ABNT NBR 16936:2023, o LWF passou a ter respaldo normativo, possibilitando sua adoção em escala. Hoje, a Norma atende edificações até dois pavimentos, porém já passa por trabalho de revisões para contemplar construções maiores.

O que é o Light Wood Frame

O Light Wood Frame é um sistema construtivo composto por painéis estruturais de madeira de pinus, oriundas de florestas plantadas, chapas estruturais (como OSB e compensado), camadas de isolamento e diferentes acabamentos internos e externos.

Sua execução é caracterizada pela construção a seco, sem uso intensivo de água ou argamassa, garantindo maior rapidez, precisão e sustentabilidade. As paredes funcionam como painéis estruturais contraventados, capazes de suportar cargas verticais e horizontais, assegurando estabilidade e desempenho global da edificação.

História do Wood Frame

O sistema nasceu nos Estados Unidos no século XIX, inicialmente como balloon frame, evoluindo para o platform frame — mais seguro, econômico e versátil. Atualmente, cerca de 93% das casas nos EUA e 75% das construções no Canadá utilizam o modelo.

No Brasil, experiências iniciais ocorreram nos anos 1970 e 1980, mas foi somente em 2009, com a criação da Comissão Casa Inteligente, que se iniciou um movimento estruturado. Em 2011, foi publicada a Diretriz SINAT 005, marco que possibilitou os primeiros projetos habitacionais financiados pela Caixa Econômica Federal.

Residencial Haragano enquadrado na Faixa 1 do MCMV

Em 2012, o Residencial Haragano, em Pelotas (RS), tornou-se o primeiro conjunto habitacional em wood frame no Programa Minha Casa Minha Vida. Nos anos seguintes, empresas como a Tecverde consolidaram a tecnologia em empreendimentos de maior escala, culminando na publicação da ABNT NBR 16936:2023, norma específica para o sistema.

Aplicações

O LWF é altamente versátil, sendo aplicado em diferentes tipologias:

- Habitações de Interesse Social (HIS), com forte aderência a políticas públicas de moradia.

- Residências unifamiliares e multifamiliares, já em uso em diversas cidades brasileiras.

- Edificações comerciais e institucionais, como escolas, clínicas e escritórios.

- Infraestruturas emergenciais, como hospitais e moradias.

- Construções de alto padrão, com flexibilidade para receber diversos tipos de acabamentos.

Condomínio Alea Assis

Cadeia de Suprimentos

O sistema Light Wood Frame depende de uma cadeia produtiva integrada, que envolve:

- Florestas plantadas certificadas, responsáveis pela madeira estrutural.

- Indústrias de beneficiamento, que produzem madeira serrada, chapas OSB, compensados e outros insumos.

- Fabricantes de componentes e sistemas pré-fabricados.

- Construtoras e incorporadoras, responsáveis pela execução em escala.

- Laboratórios e universidades, que realizam ensaios de desempenho, inovação e capacitação profissional.

- Associações setoriais (como a ABWF), que articulam a cadeia, promovem padronização e representam o setor.

Execução: On-site e Off-site

O sistema pode ser implementado de duas formas:

- On-site (stick frame): montagem dos painéis diretamente no canteiro de obras, com maior flexibilidade logística, adaptado a regiões com menos infraestrutura industrial.

- Off-site (industrializado): painéis produzidos em fábrica sob rigoroso controle de qualidade e transportados prontos para montagem no canteiro, como um “lego gigante”.

Condomínio Residencial no Cassino - Cinco Por Dez Arquitetura do Frame

Materiais e Componentes

A NBR 16936:2023 detalha os requisitos técnicos para cada material do sistema:

• Madeira estrutural: pinus e eucalipto tratados em autoclave (CCA ou CCB), com teor de umidade controlado (12%).

• Painéis estruturais: OSB tipo 2 ou 3, compensado estrutural, chapas cimentícias e gesso acartonado.

• Barreiras e membranas: controle de vapor, impermeabilização e isolamento acústico.

• Elementos de fixação: pregos anelados, parafusos autoatarraxantes, conectores metálicos galvanizados.

• Revestimentos: placas cimentícias, sidings de PVC ou madeira, revestimentos cerâmicos e outros acabamentos.

Modelo de parede em wood frame - Tecverde

Normas Técnicas

O sistema é regido principalmente pela ABNT NBR 16936:2023 – Edificações em Light Wood Frame. Complementada por:

• NBR 15575 – Desempenho Habitacional.

• NBR 7190 – Estruturas de Madeira.

• NBR 15220 – Desempenho Térmico.

• NBR 10152 – Acústica em Edificações.

  
  

Essa base normativa garante segurança jurídica, previsibilidade de desempenho e acesso a financiamentos habitacionais.

Vantagens do Sistema

Estudos acadêmicos e casos práticos comprovam que o LWF oferece benefícios superiores à alvenaria convencional e às paredes de concreto:

• Rapidez: até 4x mais rápido que métodos tradicionais.

• Produtividade: processos industrializados, menor dependência de mão de obra intensiva.

• Sustentabilidade: uso de madeira renovável, baixa emissão de CO₂, construção a seco com até 80% menos resíduos.

• Conforto termoacústico: superior às exigências da NBR 15575.

• Segurança contra incêndio: o sistema utiliza placas de gesso e cimentícias que atuam como barreiras, e a própria madeira cria uma camada de carvão que retarda a propagação das chamas, garantindo tempo adequado para evacuação conforme normas como a ABNT NBR 14432.

• Durabilidade: vida útil superior a 50 anos, quando projetado e mantido adequadamente.

Desafios e Perspectivas

Apesar dos avanços, o sistema ainda enfrenta barreiras:

1. Capacitação de mão de obra especializada.

2. Quebra de paradigmas culturais ligados à construção em madeira.

3. Ampliação da cadeia produtiva, para garantir escala e competitividade.

As perspectivas, contudo, são promissoras: o sistema tende a se consolidar como protagonista no mercado habitacional sustentável, alinhado às metas globais de redução de carbono e às diretrizes da industrialização da construção.

A Associação Brasileira de Wood Frame (ABWF) lidera esse movimento, articulando agentes da cadeia produtiva, promovendo capacitação, representatividade e assegurando padrões técnicos que conferem segurança e legitimidade ao sistema.

Com respaldo normativo, acadêmico e empresarial, o Light Wood Frame está preparado para se tornar a referência nacional em construção industrializada e sustentável. Entre e contato e seja um associado.